"A demarcação das terras indígenas e a proteção de seus povos é tarefa inescapável do Estado brasileiro e exige o compromisso, de boa-fé, de todos os Poderes da República." - Nota Pública da Comissão Arns

"Opressão vivida hoje por indígenas é rara"

Entrevista de Manuela Carneiro da Cunha ao jornal Valor 23 Set 2019, 9:26 manuela-silvia-costanti-valor.jpg

O governo de Jair Bolsonaro está chegando ao “topo da lista dos opressores” dos povos indígenas, mesmo diante de um elenco de séculos de arbitrariedades. A avaliação é de Manuela Carneiro da Cunha, professora titular aposentada da USP e professora emérita da Universidade de Chicago, referência internacional na antropologia. “É um pesadelo”, continua, avaliando o aumento do desmatamento e o questionamento do trabalho de pesquisadores em instituições como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“O governo solapou a fiscalização e desdenha o conhecimento científico”, continua. O impacto das mensagens de Bolsonaro e de membros de sua equipe (“que é um governo atípico, um ponto fora da curva”, avalia) é imenso, diz. “No solo, na biodiversidade, no clima e na imagem do Brasil”, segue Manuela, que foi aluna do francês Claude Lévi-Strauss, um d os maiores intelectuais do século XX.

Foi com o mestre que aprendeu que biodiversidade é uma riqueza e uma defesa para o futuro. “O Brasil tem a biodiversidade das florestas, que é um seguro para o mundo inteiro. Não conhecemos nem 15% do que tem na Amazônia”, diz.

Manuela atendeu o Valor em sua casa em São Paulo. Disse que o presidente francês, Emmanuel Macron, foi “infeliz” ao falar em internacionalização da Amazônia diante do aumento das queimadas, mas que o Brasil tem, sim, responsabilidade internacional em manter a floresta, para o bem da proteção climática global e da biodiversidade, assim como no plano doméstico, para o regime das chuvas, fundamental às cidades e à agricultura. A seguir, trechos da entrevista em que ela dá exemplos de como as populações tradicionais estimulam a inovação da diversidade, como usam o fogo sem causar danos e como desmatam para cultivar de modo que a floresta sempre retorne.

Leia a íntegra da entrevista - https://glo.bo/2mcmhiP