NP # 60 - Investigação sobre a morte de Mãe Bernadete
18 Ago 2023, 12:03 Bernadete Pacífico, líder quilombola da Bahia assassinada em sua casa. - Foto: Conaq/DivulgaçãoA Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns vem a público manifestar o seu mais forte repúdio ao assassinato de Bernadete Pacífico, a estimada Mãe Bernadete, morta brutalmente a tiros nesta quinta-feira (17/8), no terreiro que comandava no município de Simões Filho, região metropolitana de Salvador.
Símbolo maior da luta quilombola no país, Mãe Bernadete foi uma voz incansável na defesa dos direitos, da cultura e da espiritualidade do povo negro. Como figura pública, estava à frente da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), tendo sido Secretária de Promoção da Igualdade Racial em Simões Filho.
Como líder religiosa, era uma das mais respeitadas ialorixás da Bahia, reconhecida como guia espiritual por diferentes gerações. Como mulher e mãe negra, ainda vivia o luto pelo assassinato de seu filho, Flávio Pacífico, também uma liderança negra, ocorrido anos atrás.
Mãe Bernadete passou os últimos meses de vida avisando que sofria ameaças, inclusive em recente encontro de quilombolas com a ministra Rosa Weber, presidente do STF. Mas prevaleceu o preconceito, a violência e o ódio contra o que esta mulher negra representava como pessoa e como liderança.
O que se espera das autoridades, que não atuaram com a competência necessária para impedir um crime anunciado, é investigação rápida e rigorosa, com a responsabilização de autores e possíveis mandantes. Uma resposta devida à sociedade brasileira, hoje constituída por 1,3 milhão de quilombolas, como revelou o Censo de 2022. A Comissão Arns aproveita esta manifestação para enviar os seus sinceros sentimentos aos familiares de Mãe Bernadete e a toda a comunidade que ela liderava.