"A demarcação das terras indígenas e a proteção de seus povos é tarefa inescapável do Estado brasileiro e exige o compromisso, de boa-fé, de todos os Poderes da República." - Nota Pública da Comissão Arns

IASP se manifesta em repúdio a discurso de ex-secretário

20 Jan 2020, 10:34 memorial-queima-de-livros-alemanha-wikipedia.jpg

Nota da Comissão de Direitos Humanos do IASP

A eventual legitimidade que deriva das urnas não dá aos governantes nem a seus prepostos o direito de esquecer os deveres como agentes públicos e servirem a práticas de intolerância ou a discursos de ódio.

No caso mais recente, o Secretário Especial da Cultura do Governo Federal Roberto Alvim, depois de várias condutas intolerantes com a cultura brasileira, seus valores e grandes representantes desse patrimônio nacional, culmina por reproduzir em discurso público trechos inteiros de uma fala do Ministro da Propaganda da Alemanha nazista, Josef Goebbels, o que galvanizou a opinião pública nacional e internacional em oposição a esse pronunciamento.

Foi anunciada sua demissão. Mas, que fique a lição. Condutas que relembram práticas ou discursos autoritários de quem patrocinou atrocidades recentes ou remotas não devem ser e não serão aceitas pela sociedade civil brasileira ou pela comunidade internacional.

A Comissão de Direitos Humanos do Instituto dos Advogados de São Paulo manifesta sua total indignação com esse episódio de intolerância e entende que não haveria outra medida possível que não fosse a imediata exoneração do Sr. Roberto Alvim do cargo de secretário Especial de Cultura.

São Paulo, 17 de janeiro de 2020

Belisário dos Santos Jr.

Presidente

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Foto: Memorial da queima de livros em 1933,em Frankfurt, Alemanha / ArCan / Wikimedia