À memória de Paulo Mendes da Rocha
24 Mai 2021, 13:58Paulinho Mendes da Rocha. Por que os bons nos abandonam logo nessa hora trágica, em que precisamos tanto deles? Conheci Paulinho graças a Severo Gomes e Fernando Millan. Passei a encontrá-lo sempre, e sua mulher Helene, no antigo restaurante Pandoro, com aquele formidável bar de alumínio.
Paulo, mais do que o arquiteto celebrado, com o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza, mais o Pritsker, o Nobel da arquitetura, e a medalha de ouro do Real Instituto de Arquitetos Britânicos, era um grande causeur, era de uma elegância natural na fala e no estar
Suas entrevistas eram cada uma, obra em si se fazendo. com o fio de meada para todos os temas que se entrecruzavam m e se entrecortavam em configurações inesperadas e originais.
A última exposição que vi da sua obra foi em 2017, em Genebra (Suíça). Passei horas sentado, ouvindo suas entrevistas em vídeos que ampliavam qualquer maquete de casa, móveis ali à vista. Era a presença ideal e fundamental para toda festa, um elo com Severo.
Paulinho era irresistível, sua fala era clara, límpida, erudição dissolvida na emoção e no entusiasmo pela cidade e pelo Brasil que conta, pelas cidade no mundo.
Recém-chegado, vindo de Paris, ao meu exílio do Rio em São Paulo, descobri, antes de encontrar Paulinho, a casa Millan - e sua escadaria mágica, que privilégio! - na Circular do Bosque, com Matilde e Fernando Millan, e Nando, filho deles, e meu aluno na Unicamp.
Sua casa no Butantã era um encantamento envolvente, poder frequentá-la uma dádiva.
Saber que Paulinho estava aqui em São Paulo e poder revê-lo a cada retorno dava-me a tranquilidade de ter uma referência fundamental ali em Higienópolis, ao alcance. Vai ser terrível não ter mais essa certeza da sua magnificente e generosa presença nas nossas vidas, de Ana Luiza, Daniela, Marina, André e minha. Beijos e abraços aos filhos Renata, Guilherme, Paulo, Pedro, Joana e Naná. E à queridíssima Helene.