Coletivo de Solidariedade e Compromisso com os Povos Guarani visita áreas em conflito no PR e no MS
16 Set 2024, 17:22 Foto: Áurea LopesA missão de direitos humanos organizada pelo Coletivo de Solidariedade e Compromisso com os Povos Guarani visitou, dia 12 de setembro, três retomadas no território Avá Guarani delimitado pela TI Tekoha Guasu Guavirá: as tekoha Arakoe, Araguaju e Yhovy, nos municípios de Guaíra e Terra Roxa, Oeste do Paraná.
Participam do coletivo organizações como Comissão Arns, Conselho Indigenista o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Aty Guasu, Campanha Contra a Violência no Campo, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Rais, grupos locais de apoio aos povos Avá Guarani e Guarani e Kaiowá e pastorais sociais. A Comissão Arns foi representada pelo ex-ministro Paulo Vannuchi. A antropóloga Manuela Carneiro da Cunha se juntou à segunda parte da missão, dia 13, no Mato Grosso do Sul.
No Paraná grupo ouviu depoimentos de pessoas das comunidades Avá Guarani, registrando as denúncias e as demandas. A cacica Paulina Avá Guarani, do tekoha Yhovy, em Guaíra (PR), relatou que a causa de seu povo é invalidada por autoridades locais, que os acusam de serem paraguaios se passando por indígenas para obter benefícios governamentais.
Para o dia 13, a delegação havia programado uma visita à TI Panambi de Lagoa Rica, em Douradina (MS), onde ocorreram ataques de ruralistas contra os Guarani e Kaiowá. Porém, na tarde do dia 12 houve um violento confronto na cidade de Antônio João (MS). Um grupo de indígenas retornou à Fazenda Barra, sobreposta à Terra Indígena Nhanderu Marangatu, e foi atacado pela Polícia Militar. Um jovem e duas mulheres foram ferios, sendo que uma delas está internada em um hospital do município. A Força Nacional foi para a região e os indígenas ficaram cercados na sede da fazenda.
Diante dessa situação de emergência, o Coletivo decidiu se dirigir primeiramente para a Nhanderu Marangatu. Conversaram com os indígenas Dom Leonardo Steiner, cardeal arcebispo de Manaus (AM), presidente do CIMI e ex-secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o deputado federal Tadeu Veneri (PT-PR) e diversos representantes de órgãos públicos e organizações sociais, totalizando cerca de 40 pessoas.
Durante a presença da missão no local, viaturas da PM chegaram causando nova tensão na comunidade. Depois que a missão se retirou, a polícia fez novo ataque truculento, batendo em pessoas e chutando utensílios dos indígenas. “A justiça federal em Ponta Porã, em decisão controversa e apressada, publicada à noite, autorizou a atuação da polícia estadual em proteção à propriedade privada, legitimando a violência contra a comunidade indígena", diz uma manifestação do Cimi.
No final do dia, em visita à TI Panambi de Lagoa Rica, após ser recebido com cantos e rezas, o coletivo também ouviu da comunidade relatos de condições precárias de subsistência, violência policial, envenamento de água, ataques e ameaças de jagunços dos fazendeiros.
O Coletivo de Solidariedade e Compromisso com os Povos Guarani continua articulado e elaborando encaminhamentos junto às esferas governamentais para encontrar uma solução pacífica para as demandas dessas populações.