"A demarcação das terras indígenas e a proteção de seus povos é tarefa inescapável do Estado brasileiro e exige o compromisso, de boa-fé, de todos os Poderes da República." - Nota Pública da Comissão Arns

Homenagem a Alexandre Vannuchi emociona e reafirma o direito à verdade

20 Mar 2023, 15:23 ato vannuchi-plateia Homenagem acontece na Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito da USP - Foto: Divulgação

Militantes que combateram a ditadura militar, intelectuais, ativistas e jovens universitários lotaram a Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito da USP, dia 17 de março, no Largo São Francisco, em São Paulo.

Em um ato público, a Comissão Arns, o Instituto Vladimir Herzog e o Núcleo Memória realizaram uma homenagem a Alexandre Vannuchi Leme, assassinado aos 22 anos nos porões do Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), pelas mãos do torturador Brilhante Ustra.

Alexandre foi capturado e torturado até a morte. Entre suas últimas palavras, ao voltar para a cela depois de uma sessão de espancamentos, gritou pelos corredores para os colegas detidos: "Eu só falei meu nome".

Em seu discurso, Maria Victoria Benevides, membro da Comissão Arns, frisou: " Por que ainda se tem tanto medo da memória e da verdade? Nós vamos continuar a falar o seu nome, Alexandre!". Laura Greenhalgh, também membro da Comissão Arns, lembrou que, quando Alexandre foi morto, Dom Paulo Evaristo Arns desafiou as forças da repressão e convocou a sociedade para uma missa na Catedral, reunindo milhares de pessoas.

“Chegamos 50 anos depois da morte do Alexandre com inconclusões sobre as circunstâncias que levaram ele e outras milhares de vítimas da ditadura à morte, à tortura ou ao desaparecimento forçado. A principal lacuna, 50 anos depois, é a questão da responsabilização desses perpetradores”, disse Gabrielle Abreu, coordenadora de Memória, Verdade e Justiça do Instituto Vladimir Herzog.

O historiador César Rodrigues, do Núcleo Memória, disse que "a memória não é algo restrito ao passado". Por isso, "Alexandre morreu há 50 anos, mas vive entre nós". Colega de turma de Vannuchi, o ex-deputado Adriano Diogo cobrou a responsabilização por todas as mortes cometidas pela ditadura.

Após o ato, do qual participaram familiares de Alexandre, houve uma missa na Catedral Metropolitana, rezada por Dom Pedro Stringhini.

Também foi lançada a exposição virtual "Eu só disse o meu nome", com imagens e textos de Alexadnre, disponível na plataforma Google Arts.