Os indígenas podem não ter dinheiro, mas não são pobres. E são hoje guardiões de nosso futuro. - Manifestação da Comissão Arns

Nota de pesar

6 Jun 2023, 9:41 Retomada de Yvyrapygue, Laranjeira Nhanderu Retomada de Yvyrapygue, Laranjeira Nhanderu. - Reprodução Aty Guasu

A Comissão Arns de Defesa dos Direitos Humanos lamenta profundamente a morte de Angelita Prororita Yanomami, ocorrida na cidade de Boa Vista, em Roraima. Aguardando os esclarecimentos do caso, a Comissão não pode deixar de repudiar profundamente a violência que tem cercado o povo Yanomami há décadas, com a invasão de suas terras por milhares de garimpeiros e, mais recentemente, como o mundo inteiro pôde testemunhar, pela situação de fome e penúria que ronda várias de suas comunidades.

Angelita era uma liderança indígena jovem, reconhecida como hábil articuladora das ações de resistência de seu povo. Intérprete das línguas indígenas e estudante de Odontologia, ela se preparava para voltar ao território para atuar na assistência de saúde das comunidades indígenas. Sua morte exige rigor e celeridade nas investigações, além de uma satisfação para a sociedade brasileira.

Com esta morte, mais uma vez fica exposta a situação de extrema vulnerabilidade dos povos indígenas, vítimas do desmantelamento dos órgãos de proteção e fiscalização em seus territórios, bem como dos cortes em programas de assistência à saúde às comunidades, promovidos pelo governo anterior. Acrescentem-se os riscos de aprovação do marco temporal, uma tese mal-intencionada a serviço do interesse de grileiros, garimpeiros e desmatadores, colidindo frontalmente com os direitos fundamentais destes povos, expresso no artigo 231 da Constituição Federal.

Ao povo Yanomami, na figura de seu líder maior, Davi Kopenawa, enviamos nossos sentimentos e nossa solidariedade.