Um sacerdote com vocação para os direitos humanos

Texto da Comissão Arns publicado no livro "Maõs de Deus", uma biografia autorizada do padre Júlio Lancellotti

Padre Júlio Lancellotti é um dos mais fortes exemplos da defesa incondicional dos direitos humanos, como expressão de princípios republicanos e democráticos, de justiça e paz, de solidariedade, acolhimento, partilha e amor.

Sua história de vida é um retrato da luta motivada pela crença inabalável na igualdade em dignidade de todo ser humano. Padre Júlio escolheu viver ao lado dos mais vulneráveis nesta cidade de opulência e miséria. Para ele, a expressão da moda “estamos juntos” significa estar realmente, para o que der e vier, junto dos excluídos, daqueles desprezados pela sociedade cruel e hipócrita como “restos descartáveis”.

Padre Júlio cuida, com o respeito devido aos que reconhece como irmãos, do povo em situação de rua, dos refugiados, do povo preto maltratado, dos doentes, dos presos, dos LGBTQIA+, dos dependentes químicos. E sua luta não se basta na proteção aos que sofrem – mas abrange os caminhos para a mudança das estruturas opressoras, com a coragem para enfrentar os poderosos e tentar levá-los à compreensão de que a vida será bem melhor para todos com justiça social.

Padre Júlio é conhecido, em certos meios, como o “Padre Rebelde”. Mas o Papa Francisco se corresponde com ele, incentivando e abençoando. Bendito seja!

Padre Júlio tem a energia da fé religiosa e da esperança enraizada. Mas sua fé não é imposta; ela decorre das lições da vida histórica de Jesus Cristo. É fiel seguidor da Teologia da Libertação e de nosso patrono Dom Paulo Evaristo Arns. Tem o dom de unir oração e ação para a defesa da vida com dignidade. Sua religiosidade evangélica se faz presente pela afirmação concreta de um projeto de sociedade que valoriza o ser humano sem negar sua dimensão espiritual, a qual dá força para enfrentar os desafios e as agressões, comuns a todos os que questionam os fatores socioeconômicos, políticos e culturais que impedem o reconhecimento e a efetivação dos direitos de todos.

Nós da Comissão Arns nos orgulhamos da proximidade com Padre Júlio, acompanhamos e apoiamos sua luta e reafirmamos, com afeto fraterno, nossa parceria pelos direitos humanos.